Saliva lasciva

Errei na intensidade
Do brilho e do batom
Errei também na cor
Na textura e até no tom

Corri aos seus ouvidos
Eu quis a redenção
Talvez com os meus gritos
Tivesse sua atenção

Expus a minha pele
Te deixei me julgar

Deixa saliva na pele
Lasciva!

Quem manda eu ser assim
tão pronto pra correr?
Abafo um gemido
Que é pra você não ver

Eu bem mantive a pose
Você queria ter
Saí do meu conforto
(conforto)

O mais que eu posso ser
Nem vai caber aqui
O mais que eu posso ser
Nem vai caber aqui:

"A nota que encerra todo concerto fracassado
a mortal fúria que impele vontade aos flagelados
o começo da decadente sensação de liberdade
a crisálida intocada
o auge da puberdade
uma humilde estudante
ou o dono da guilhotina
um orgasmo matinal
fantasias femininas
guloseimas infantis
o chocante gosto do nada
o sangue que jorra aos montes do corpo imóvel na calçada
o frio que precede a queda
o início da ruína
a desculpa para a guerra
ou uma nobre messalina
o velho dono desse mundo
o jovem rei da terra
mesmo que moribundo
queria ser a espera
a palavra que sempre rege
um meio de obsessão
a cara manchada e aberta
pela navalha de um irmão
ser deus ou um profeta
alguém que sai pra matar!"