Nas unhas de um missioneiro
Paulo mattosAs unhas dos violeiros desenham na boca dos tampos
Num dedilhado atrevido, ou num solo de guitarra
Nas tertúlias essas garras alegram a vida nos campos
Manchadas de fumo e terra levam sustento ao rancho
Na rapina de um carancho cumprem bem sua função
Maltratadas pela vida preservam chagas de luta
Pois ao chegar da labuta trazem as marcas do chão
(Nas unhas de um missioneiro se aquerenciou o rio grande
Por onde quer que ele ande sempre ostenta sua pose
De mãos dadas com a viola num casamento gentil
Alisando fio a fio suas melenas de bronze)
Quando me vou de a cavalo pra tocar baile nas grotas
Chapéu de aba bem torta e o pala batendo ao vento
Na guampa levo uma pura, para espantar os meus medos
Trago na ponta dos dedos todo rocio do relento
E no pescoço da xina são elas que dão afago
Pra amenizar o estrago não deixo virar cambicho
Na estrada curta do andejo não importa qual pousada
Não vive pra namorada só quer viola e bolicho