M' boitatá
Piriska greco e Ângelo franco
Naquela tarde, desabou um tempo
Que inundou os campos e afogou canhadas.
E na coxilha a boiguaçu comia
Olhos de animais que tinham luz guardada.
Que inundou os campos e afogou canhadas.
E na coxilha a boiguaçu comia
Olhos de animais que tinham luz guardada.
Até o fogo se esvaiu vencido
Quando a escuridão adormeceu as casas.
Na longa noite da querência antiga,
Um silêncio morto, a velar as brasas
Bola de fogo campo a fora,
Corre mas não queima nada...
Cuida teus olhos que ela volta:
- Cobra de fogo é m’ boitatá
Se no verão, nas noites de mormaço
Boitatá surgir, de novo, enrodilhada
Jogue teu laço que o ferro da argola
Vai trazer de arrasto a cobra amaldiçoada.
Campeiro amigo, não é só uma lenda
O que simões contava aos homens do passado.
A boitatá é cobra transparente,
E hoje, de repente, surge ao teu lado.
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