Piriska greco e Ângelo franco

O revorve do tropeiro

Piriska greco e Ângelo franco
Seu delegado,
Vim trazer meu revorvinho,
Que eu ganhei do meu padrinho
Quando me tornei rapaz,
E há trinta anos
Mora na minha cintura,
Escorando a vida dura
De tropeiro e capataz.


Esse revorve
Nessas voltas do destino
Já salvou muito teatino
De apanhar sem merecer,
Botou respeito
Sem precisar falar grosso,
Com ele, muito alvoroço
Não deixei acontecer.


Mas deu no rádio
Que ninguém pode andá armado,
E no rumo do povoado
Vim tirando a conclusão,
Que fiquei louco
Ou não entendi a notícia,
Porque eu pensei que a polícia
Desarmava era ladrão.

Ô mundo véio
Que tá virado,
Seu delegado
Preste atenção,
Vê se devolve
O revorve do tropeiro,
Vai desarmar desordeiro
E deixa em paz o cidadão.

Seu delegado,
Se um ladrão bater na porta,
Devo fugir pela outra,
Me arresponda, sim senhor,
E se um safado
Me desrespeitá uma filha,
Quem vai defendê a família
Dum homem trabalhador.


É muito fácil
Desarmar quem é direito,
Quem tem nome e tem respeito,
Documento e profissão.
Muito mais fácil
Que desarmar vagabundo,
Desses que andam pelo mundo
Fazendo mal criação.

Prá bagunceiro
O país tá encomendado
O povo tá desdomado
E quem manda faz que não vê
Nosso governo
Quem tem que prendê, não prende,
Não vigia, não defende
Nem deixa se defender.

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