Dois irmãos
Poeta cortezSinta o meu pensar
Vejo tua alma, basta-lhe tocar
Nesta casa
Já não caibo mais
E no outro você fez teu lar
Nessas ruas
Há tanto pensar sem sentir, eu vi
Vidas inteiras sem um inteiro encontro, eu conto
Anúncios de sonhos a comprar
Estátuas de razão para fotografar e amar
Jardins cansados de florir ao ponto, eu canto
As esquinas precipícios a mostrar
Eu vi alguém podar o que eu queria acreditar
E você diz saber onde está
Dê-me um tempo pra respirar
Ainda lembro do lar
Do lado oposto de cá
Nesta cidade
Não pensa no que sinto mais
Meu inteiro não te encontra mais e mais
Tantos bancos pro destino sentar
Nas vitrines há tantos de nós e vós
Velhos filhos com prazo para viver, eu sei
Nos becos não estão nossos pais
Eu senti alguém florir a ilusão de amar
Você não sabe onde está
Ei, meu irmão
Sinta o meu pesar
Vejo teu inteiro, basta-lhe chorar
Abra a porta
Deixe o amor entrar
O velho coração sempre há um lar