Ramão missioneiro

Destino de campanha

Ramão missioneiro
Vendeu o basto p’rum vizinho,
Pra outro, pelego e xergão
Preparos de corda forte,
Carona, cincha e cinchão!
E feito tantos se desfez
Mesmo doendo o coração
Foi o sogueiro da lida
E o guaipeca de estimação.

Desde a barrosa do leite,
Comprada a prestação,
Mesmo delgada se foi,
Co’as outras de caminhão
P’rum matadouro no povo,
Quanto à plata meu irmão,
Pagou o banco e o bulicho
Pouco sobrou em sua mão.

Pior que isso, foi ver
O caçula, meio chorão,
Pedindo que não vendesse
A cordeona de botão
O que é matéria se busca
Talvez custe - talvez não
Porém cifra nenhuma compra
O que é honra e tradição!

Assim perdeu tudo que tinha
Terra, carroça e galpão...
Para pagar os impostos
Destinados pra nação.
E pra família que produzia
Veja a triste situação,
Restou as margens da cidade
E as lembranças lá do rincão!

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