Na pele
Regina diasTrago lamentos e dores
Da escravidão covarde chicote ainda arde
Só mudaram os feitores
Eu venho la do quilombo
Da senzala, da favela
Por falar em igualdade, moro em sociedade
O pior, à margem dela
Eu venho descendo o morro
Sou malandro, pagodeiro
Se canto um partido alto
Burguês samba no asfalto
Mas não toca em meu pandeiro
Eu venho lá do terreiro
Da macumba, candomblé
Preto velho curandeiro
Zumbi, herói brasileiro
Será que o Brasil não quer
Será que o Brasil
Eu venho lá da Bahia, sou a tia benzedeira
Meu Senhor, peço que aceite
Fui sua mãe de leite, a babá e a parteira
Eu sou a tal Clementina
Meu sobrenome, Jesus
Mas se querem que eu revele
Por conta da cor da pele
Ainda carrego a cruz
Eu sou capoeira, batuque
Tambor de mina, bandoê
Festa de São Benedito, Olodum, carimbó
Boi Bumba e maculelê
Eu sou galinha d’angola, quilombola, zabelê
Canto samba o ano inteiro
Eu sou negro brasileiro
Eu sou eu e sou você