Cachaça amiga
Roberto agraEu não tenho abrigo
Só vivo em tabernas
E assim sem rumo
Vou perdendo o prumo
E trocando as pernas
Numa noite escura
Pela fechadura
De um botequim
Eu consolo as tripas
Namorando as pipas
Que gostam de mim
Oh, cachaça amiga!
Não há quem diga
Que não tens valor
E por ser tão boa
Vive assim, à-toa
Sem saber se impor
Você dá coragem
Você dá vantagem
Dá inspiração
E não se admite
Falta de apetite
Numa refeição
Muitos novinhos
Quando estão sozinhos
Tomam seu pifão
Quem não gosta dela
Debaixo da cama
Tem um garrafão
Essa gente rica
Também gosta um pouco
Dessa coisa boa
É aguardenteira
Desde a cozinheira
Até a patroa
Se me chamam chuva
Eu acho uma uva
Por ser bebedor
Bebo a que todos bem
Uma cachacinha
Nunca me faltou
Quando estou sonhando
Só em ti, pensando
Oh, minha doce amada
Se de saudade eu morro
Vinde ao meu socorro
Mais uma lapada
Mas, se algum dia
Em uma fogueira
Eu morrer queimado
Quero que o fogo
Pela aguardente
Seja provocado
Mas, se a minha morte
For de coração
Ou então de repente
Quero que a cachaça
Seja toda a causa
Deste acidente
Mas, se algum dia
Eu for fulminado
Em algum lugar
Quero ter a sorte
De num botequim
Eu me afogar
Quero que me enterrem
Num barril de chopp
É vontade minha
E as flores do túmulo
Quero que aguem
Com uma cachacinha