Rui carlos Ávila

Frente aos olhos da paixão

Rui carlos Ávila
Nossos beijos proibidos tinham sido descobertos
O que o peito achava certo, pros demais, não foi assim
E ainda se não bastassem, tantos olhares de vigília
Veio um moço de família pra tomar ela de mim


Havia um cheiro de adeus pairando no meu ranchito
E um sofrer infinito que não desejo a ninguem
Até que um chasque moreno deu vida aos planos da gente
E um naco de ousadia revigorou a semente


Botei os sonhos na estrada, pelas patas da rosilha
Deixei pra trás a tropilha pra fugir com a minha amada
Pois nunca conseguiria fugir do arrependimento
De perdê-la, assim no mais, já no primeiro tormento


E na ponta do cabresto, levava um zaino crioulo
E dentro d'ama o consolo, pecar pelo coração
E um lotezinho de cismas que nascem de um sonhador
Será que Deus perdoa quem rouba seu grande amor


O céu, prenunciando a chuva, me fez crer por um momento
Que até o senhor do tempo também tava contra nós
Já nem sabia por certo, se estaria à minah espera
Ou se o medo de partir vencera suas quimeras


As léguas foram findandoe nem sinal da morena
Apenas ânsias e penas apareceram por lá
Enquanto a voz do silêncio, já me mandava voltar
Um resto de esperança tombava do meu olhar


Foi quando a linda surgiu, tal fosse uma visagem
Se misturando à paisagem que a primavera bordava
Sorrisos enluarados luziram a tarde calma
E um beijo incandescente ressucitou minha alma


E partimos, lado a lado, pras bandas desse fundão
Vassalos de coração, o conselheiro maior
E hoje sei, com certeza, das alegrias a três
Frente aos olhos da paixão o impossível não tem vez

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