Morpho aega
Tarcisio barreiroPés descalços descobrindo esse novo planeta
Trilhas marimbondas lhe conduzem ao caminhar
Se molhar se vacilar na pedra escorreguenta
Entre mutucas, formigas, jaós, jatobás
Há um ser enchendo o universo de ternura
Com a sensação de habitar outro planeta
Quando você ver uma vai saber que viu uma borboleta azul
De longe se ouve a cachoeira derramar
Dá a ansiedade de esperar passar cometa
Arcos coloridos tingindo seu serenar
Nos sentimos perto de deus longe dos capetas
Entre lambaris, garças, bem-te-vis, jequitibás
Vai se impressionar se tornar mera criatura
Com a sensação de ter avistado um cometa
Quando você ver uma vai saber que viu uma borboleta azul
Quer ver mistério espere a noite chegar
O luar no céu do mato faz com que se entenda
Urutaus, curiangos num sinistro gorjear
Faz sentido porque os índios não diriam lendas
Entre iaras, sacis, caboclos d'água, boitatás
Verás que o mundo urbano é o que mais te perturba
Uma fogueira só não espanta as estrelas
E se der sorte verás voar a morpho aega
A magnífica borboleta azul.