Teko porã

Samba do descobrimento

Teko porã
Cadê a mata nativa?
O progresso levou
Cadê o ouro das minas?
O progresso levou
Donde estas la plata de los Andes?
O progresso levou
Que herança maldita
O velho mundo deixou

Nos banquinhos da escola, pela historia oficial
Aprendemos as virtudes do nobre reino de Portugal
Que com bravura cruzou céus e mares
Deixando marujo seu lares
Pistoleiros, putas, padres, governadores e capatazes

Cadê a mata nativa?
O progresso levou
Cadê o ouro das minas?
O progresso levou
Donde estas la plata de los Andes?
O progresso levou
Que herança maldita
O velho mundo deixou

Vindo em turbulentas águas, entre matas e vielas
Chegam olhos cobiçosos, chegam naus e caravelas
Olhamos tão admirados
Navios aqui ancorados
Mercadores, mercenários, lobos - do - mar, capitães - do - mato

Essa terra estava à vista, nos negócios da conquista
Da bancada do congresso, no dourado altar da missa
Nos grandes mercados de carne
Já faz tanto tempo e ainda arde
Delatores, donatários, inquisidores, bárbaros selvagens

Cadê a mata nativa?
O progresso levou
Cadê o ouro das minas?
O progresso levou
Donde estas la plata de los Andes?
O progresso levou
Que herança maldita
O velho mundo deixou

Queima oca e quilombo, chora mãe sobre os escombros
Chora terra abandonada sob os pés dos novos donos
Colonos, corsários, piratas
Homens de terno e gravata
Jesuíta, advogado, psicanalista, psicopata

Imagina se eu chego na Europa como uma bela tropa e assalto o lugar
Rendez-Vous, vou fincar minha bandeira em terra estrangeira eu é que vou mandar
Pode logo avisando pro papa que é pra outra casa ele procurar
Que o grande castelo profano, vulgo Vaticano já ta pra alugar
Pega o povo faz tudo de escravo manda pra outro lado para trabalhar
Vale mais quem tem olho mais claro, cabelo dourado é outro patamar
Violenta a mãe e a filha separa a família em terra de ninguém
Tudo isso em nome do pai, e do filho, e do Espírito Santo, amém
E agora trás aquele mapa que com uma face eu vou dividir
Sua terra em cinquenta pedaços e pros meus amigos vou distribuir
E se um dia por sorte ou ironia o sol da liberdade aqui vier raiar
Ta tranquilo meu caro amigo, tem divida externa pendurada no bar

Pedro Cabral assassino, filho da puta ladrão
A te dedico esse hino que sai do meu violão
Foste o primeiro bandido, dessa bandida nação
Te pintaram bonito, mas não esqueço não
Que eu sou filha das índias e filha das filhas da escravidão
Que eu sou filha das índias e filha das filhas da escravidão

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