Baião de câmara
Thiago amud
E se quando o grão
Desabrochar n’outra estação
Em vez de dar trigo e arroz
Se abrir pra nós numa canção
E então, vier da brotação
Como de dentro de um sonho
Um canto que é medonho
De tão fundo que ele vai
Rachando a terra de onde sai
Purificando os frutos
Como a bênção de um pai?
(Broto de voz
Ceifando a fome seca do sertão
A voz de pão
Harmonia do chão
Alimento farto a quem pedir
Ungüento santo a se parir
Jorrando ao léu
Como se Deus resolvesse existir)
Desabrochar n’outra estação
Em vez de dar trigo e arroz
Se abrir pra nós numa canção
E então, vier da brotação
Como de dentro de um sonho
Um canto que é medonho
De tão fundo que ele vai
Rachando a terra de onde sai
Purificando os frutos
Como a bênção de um pai?
(Broto de voz
Ceifando a fome seca do sertão
A voz de pão
Harmonia do chão
Alimento farto a quem pedir
Ungüento santo a se parir
Jorrando ao léu
Como se Deus resolvesse existir)
Não assustaria se o chão rasgasse um dia
E, ao invés da safra que se esperou
Irrompessem ecos de plena poesia
Não se espantaria quem semeou
Quem lavrou a terra, o solo arou, pôs água
Entendeu da terra o pulso oculto, a invisível vibração
Ofertou à terra um coração sem mágoa
Tomaria a música em sua mão
E a repartiria na proporção mais justa
Com os miseráveis da região
Mantras vegetais, etéreos grãos de sinfonia
Modas cereais e folhas de polifonia
Ai, quanta folia!
Uma canção aberta em flor
E quem quisesse os lucros da colheita
Teria que enfrentar a multidão
Armada de alegria e satisfeita
Comendo a melodia do baião
Baião, baião, baião
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