Córgo do meio
Thomaz baldowNuma rocinha eu cultivava o que era trivial
E na baixada um brejo de lagoa
Depois dele um veio d'água- pinguela de pau
Desemborcava no corgo do meio
Eu tinha medo de receio daquele lugar
Se enveredava na sombra escura da mata
Nem por reza nem pirraça eu tentava lhe acompanhar
O medo brota da mente da gente
Oxente, que menino bobo, ocê pode pensar
Ali no encontro do corgo com veio d'água
Em noite de quarto minguado
O pelo chega alfinetar
Ali na beira do corgo do meio
Em cima d'água eu vi a língua azul do boi tata
A mãe da Lua no corgo do meio
Os curiango era umas almas que vinham penar
Passava perto do corgo do meio
E ficava imaginando a pinguela quebrar
Ali na beira do corgo d meio
À meia noite eu vi a venta da onça bufar
Ê boi tatá
Ê boi tatá
Eu, homem feito, pesado e barbudo
De calo grosso, facão no afiar
Depois de andar nas picada do mundo
E desvendar do que era certo achar
Tem vez que eu busco coragem no fundo
Tem vez que falta fibra de arriscar
Mas sempre lembro do medo que tive
E do respeito e a coragem que esse medo dá