Ventre

O corte

Ventre
Como é bom poder se abrir de novo
Faz um tempo eu não sentia
Borboletas na barriga

Não sei se era por falta de atenção
Preso no espelho eu só me via e nada ao meu redor

Romantizo tudo
Invento histórias
Crio finais felizes
Pra mim mesmo
Que sabe se contar

Então, garoto, eu juro que pensei
Que essa briga eu podia ganhar
E agora tudo vai mudar
Pelo menos em mim tudo já mudou

O espelho já não me reconhece mais
E acho que eu, eu não me conhecia tanto quanto eu dizia pra mim mesmo
Quando eu tentava enganar a todo mundo
Que não havia algo de podre em mim
Que eu não podia ser tão ruim assim

Como é estranho olhar pra si
E perceber que a vida é mesmo muito pouco e
Que você é muito igual ao outro que você sempre criticou
E essa ferida que ficou
Se curar vai me ensinar a ser melhor
Mesmo ferindo até o osso
Da cicatriz nascer o novo

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