Vultos

Lágrimas de crianças mortas

Vultos
Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar vamos...
Vamos? Vamos pra onde?
Na vida, não conheço nada mais triste
Do que ver uma criança cair dos braços da mãe,
E esta, fugindo dos homens da guerra
Não poder voltar-se para seu filho
E tê-lo uma vez ainda em seus braços

Você não pode enxergar através
Daquelas paredes brancas
Quando passam ao redor
Não vêem, não vêem

Armações de mármore
Máquinas e braços acelerados
O garoto vai ser enterrado

Armas de plástico
Não vêem, não vêem
Corpos brancos, finos e frágeis
Não vêem, vêem

Inocências falecidas
Não vêem, não vêem
Os teus filhos que te libelam
Não vêem, não vêem

Há muito pouco entre a
Inocência e a insanidade
Quanto mais se aproximam
Mais distantes estão

Mármore moldado,
Suor, cansaço
Descanço cancelado,
Seus filhos vão ser enterrados...

As últimas luzes se apagam
As últimas vozes se calam
As últimas portas se fecham
Faleço cortada, pedaço de meu trabalho

Diante de mim, um terrível espetáculo se apresenta
Eu vi a cortina da corrupção dos homens
A tragédia e a comédia, em um só leito
Para gerar o drama do homem moderno.

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