Vultos

Quando a escuridão dominar (morpheus affinito)

Vultos
Dar-te-ão a mão esquerda
E do peito, o carvão
Acompanhar-te-ão até a sala dos crânios
A biblioteca dos mortos
E a ti, lerão estes versos

Teus olhos buscaram no nada
As cores que desconhecem dentro de sí
Tateando no horizonte obscuro
Prismas de crepúsculos idos
Será a misericórdia um cadáver
E a voz em tua cabeça mera lembrança
Da fonte pura dos pecados
E dos mitos do que haja sido esperança

Quando a escuridão dominar
Quando as sombras vierem

A origem das lagrimas estará oculta
E toda ordem de sentidos confusos
Rindo, escutará tributos à tuas tristezas
Agonizante, não irá crer em quem amas
Músicas partirão do interior dos abismos
E reconhecerás o cheiro do passado
Quando ainda havia noite e dia
Quando ainda havia Deus e o diabo

Quando a escuridão dominar
Quando você estiver sozinho
Quando nada mais restar

Quando a escuridão dominar
A mesma que já dominou outrora
O caos, quando nada mais restar
Já não haverão promessas
Nem lágrimas, nem olhos para chorar
Nem mentiras socialmente aceitas
Nem propriedades roubadas
Nem apostas para fazer
Ou corpos para torturar

Quando a escuridão dominar
A mesma que está viva
Nem mais um pensamento, palavra, ação
Apenas o silêncio desordenado, em tumulto
Prestes a jorrar o eterno retorno

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