Diário macabro

Querido diário, o dia foi tenso
Muitas ações, um clima propenso
Não se preocupe, irei lhe contar tudo
Vou te manchar de maldade e de insulto

Tudo começou em uma manhã turbulenta
A noite passada foi tensa, minha cabeça não aguenta
Fui atrás de um pilantra, a mente engatilhada
Com sangue nos olhos, já não pensava mais em nada

O movimento era grande, o pilantra na esquina
Sentei o dedo sem dó, vishi, acertei uma mina
O safado correndo e eu cheio de esperança
O covarde, sem pensar, usou como escudo uma criança

Pois é, então, noite passada foi assim
A criança, sobreviveu, mas a mina teve um fim
Lamento por ela, confesso que fiz lambança
Agora tenho mais um inimigo planejando sua vingança

Já era quase meio-dia, tava ficando louco
Vendo vulto toda hora, resolvi fumar um pouco
Já sei, vou sair de casa, ver o tempo lá de fora
O crime de ontem repercutiu, já não era sem hora

Mas se eu souber que alguém me entregou, irmão
O x9 vai sofrer, vai ta ruim na minha mão
Tento relaxar, sei lá, no bar, só na sinuca
Atraí uns olhar torto, ó o calafrio na nuca

Dois de menor, de longe, me observando
Retribui o olhar, qualé, ta vacilando
Dois neguin ruim, fiquei pensando, a mando de quem?
De bicicleta, já se foram, mas vão voltar que eu sei

Querido diário, a verdade é que eu não sou bobo nem nada
Os moleques saíram, foram atrás é das quadrada
Mas não dou chance pro azar nem pro destino
Desconversei, planejei e logo saí de fino

Fui pra minha quebrada, pra junto dos meus manos
Se inimigo chegar aqui, rat-tat-ta, sérios danos
Era quase 4 horas, o sol tava matando
Os trutas no dominó, no disfarce, só planejando:

- aí, ta ligado aquele posto de gasolina?
- hum, to sabendo, vamos tudo cair pra cima.
- então mano, vamos chegar apavorando.
- é 1, 2 ladrão e o dinheiro vamos catando.

Tava só na escuta, mas os manos me escalaram
Resolvi aceitar, os trutas se alegraram
E o tempo passou, 10 horas, é agora
Fazia mó frio, mas os manos vieram sem demora

Era serviço pra homem, sem chance pro medo
Catei minha pistola, entrei no monza preto
Pronto, já era, a liga da injustiça tava formada
Mais um plano bolado, assalto à mão armada

11 horas da noite, o rádio nos alertava
Escutando racionais e o tempo passava
Lá tava nosso alvo, chegamos no posto bem ligeiro
- isso é um assalto, sua vagabunda, anda, passa o dinheiro!

A frentista ficou assustada, poh, e era mó gatinha
Mas agora era tudo ou nada, será quanto dinheiro tinha?
Nem deu tempo de saber, ó quem vem vindo, é a polícia
A sirene escandalosa cheia de ódio e malícia

- esquece o dinheiro malandro, solta a mina e vambora.
- porra meu irmão, fica de boa, não apavora,
Vamos lá pra dentro, usar a vadia como refém.
A chance disso dá certo: 0, de 1 a 100

Resolvi deixar o truta sozinho e vim embora
Liga da injustiça incompleta, 3 saíram foram
Querido diário, agora é meia-noite em ponto
Fiquei sabendo que o truta foi preso, agiu como um tonto

Pois é querido diário, agora eu vou dormir
Graças a deus não estou preso, muito menos na uti
Espero que amanhã eu te encontre outra vez
Agora eu me despeço lendo o salmo 23

O senhor é meu pastor e nada me faltará...