Dura realidade
Will makaveliKKK, cabeça revestida com um pano
Cruzes invertidas pra mais um neguinho da favela
Pregos de 12 cm de espessura em uma mão branquela
Invasões, chacinas, preconceito, terror
A culpa não é minha, que se foda o doutor
Pós-graduado, e eu aqui na maior miséria
Com fuzil alemão em punho, e o político de férias
Minha cultura é de marginal, é o que você diz
Seu filho escuta nosso Rap, um pequeno aprendiz
Irônico, sarcástico, esperto e revolucionário
Um branco preferindo o Rap ao dicionário
Nunca recebi um caderno do governo
Confesso, não sou um cidadão modelo
Um ladrão safado com caneta de ouro
E a minha criança, entoando mais um choro
Vamos impactar seu crânio contra a pistola
O monstro da TV ataca cheirando cola
Você pensou que ele jamais te atingiria
O menino do morro, maldoso, te mataria
Sua vadia começa a gritar no cativeiro
Quanto vale a alma dela? Quanto em dinheiro?
Eu nunca quis essa vida para mim
Agindo como o primeiro assassino: Caim
Eu e meus parceiros nos corres, sem culpa
Foi a sociedade que nos fez assim, desculpa
É verdade, já fui muito discriminado
Agora é sua vez, todo mundo deitado
A guerra nunca termina lá no meu gueto
Mas na propaganda do político, lá é perfeito
Casas coloridas, um passeio pros turistas
Favela revestida de sangue negro, pra alegria dos racistas
Adolf Hitler te espera no inferno
Sorrindo com o diabo, todo vestido de terno
E eu indo pra mansão dos bandidos
O paraíso dos negros mais fudidos
Eu sou isso e aquilo, faz de tudo pra manter distância de mim
Ao mesmo tempo faz passeata pedindo pro racismo ter um fim
Hipócrita, eu repito, esse é seu pseudônimo
Mais uma letra de um negro, um mero anônimo
Protesto, minha letra é poderosa no meu bairro
Seu dinheiro sujo eu não quero, muito menos seu carro
Quero sua alma, sou o profeta das ruas
Suburbano, olhando as estrelas e contando as luas
Já era, dessa vida eu não saio mais
Pior pra você, que nos consideram uns animais
O sequestro continua, o resgate também
Um dedo da sua vadia, agora eu quero o money
Sem polícia, esse foi o combinado
Ao sinal de uma sirene, considere-se acabado
Mais um corpo desfigurado para o IML
Facção: "A Marcha Fúnebre Prossegue"