Grão de areia
Zilo e zaloVem acusar-me do que não fiz
Saio da trama que me enleia
Buscando a terra dos bem-te-vis
Só gente amiga lá me rodeia
E ouvindo o canto de uma perdiz
A luz divina em mim clareia
E ensina a forma de ser feliz
A mão do mestre desfaz a teia
E a vida toma lindo matiz
No fio de água que serpenteia
Por entre as flores do meu país
Colher os frutos que a fé semeia
Sem magoar-se com que se diz
É o grande leme que aqui norteia
A nau perdida do infeliz
Quando a tristeza me desnorteia
O meu refúgio é meu chafariz
É uma casinha modesta e feia
De móveis velhos e sem verniz
A luz cortiça de uma candeia
Sentindo o cheiro da flor-de-lis
E o prateado da lua cheia
Banhando as copas dos buritis
Nessa casinha parede e meia
No paraíso das juritis
A minha sorte me presenteia
Com tudo aquilo que tanto quis
Não guardo mágoa de quem me odeia
Porque num mundo de idéias vis
Sou simplesmente um grão de areia
E o ser supremo é meu juiz
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