Siriema
Zilo e zaloSem saber que está matando de saudade um trovador
Mas também meu pensamento, passeando emocionado
Pelos campos do passado, revivendo um velho amor
Que saudade, seriema, das manhãs em que eu ia
Para as festas da abadia no mateiro e no brejão
Seu cantar se espalhava pelas terras perfumadas
Em alegres clarinadas na alvorada da ilusão
Fim de baile, o regresso no orvalho das campinas
As estrelas matutinas se apagando muito além
E o Sol se alaranjando para as bandas do nascente
Colorindo docemente os cabelos do meu bem
Junto à flor da minha vida, o meu mundo era um poema
E o cantar da seriema era fundo musical
Mas depois que abandonei minha doce criatura
Nunca mais tive a ventura de encontrar amor igual
Percorri longos caminhos, quase ao fim estou chegando
Os cabelos branqueando, tive acertos e enganos
Quem amou como eu amei tem o coração sensível
O desejo impossível de voltar aos quinze anos
Quando escuto, seriema, o seu canto soluçado
Vou revendo meu passado pela imaginação
Vivo nessa ilusória fantasia colorida
Mas talvez a própria vida seja uma ilusão
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