Boémia

Já desce a noite

Boémia
Já desce a noite e Alice
Solta o cabelo à lua
Vai entregar-se e na alma
Guardar o que tem de sua

Roupa garrida ao vento
É dos olhares que surjam
Leito de todas as mágoas
Que a foz dos seus braços turvam

Desce a noite e vai
Sob um sol que ardeu,
Que à noite é um rasgo de céu,
Para entregar
Tudo o que a vida roubar

Rosto curvado ao tempo
Por turbilhões, torrentes
Que ao desafio dos homens
Responde cerrando os dentes

E na cidade acesa
É predadora e presa
Já que os pequenos reclamam
A falta de pão na mesa

Desce a noite e vai
Sob um sol que ardeu,
Que à noite é um rasgo de céu,
Para entregar
Tudo o que a vida roubar

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