O conto de naná
Cainã (morador do mato)Em uma ilha oscilante a flutuar
Então perdida em casas-flores
Uma menina nunca conseguiu falar
Pelas planícies via sempre tantas cores
E o sol sorria para as suas asas a voar
E contemplava em suas dores
A consciência de não se comunicar
De pés no chão, olhou o mundo
E consciente começou a observar
Tantas janelas, tantas portas
Tão fechadas, sem ninguém para habitar
E ponderou, enquanto o céu se acinzentou
Por que é que tanto tinha pra falar e não falou
E num instante sua mente sorriu
No mesmo instante a resposta surgiu
No horizonte então desfeito
A tempestade enorme estava a se formar
Naná se viu e encheu o peito
Ao seu silêncio, um fim enfim iria dar
E assim pensou, sem medo:
“Nada é desse jeito
O mundo é tão perfeito pra eu me calar!”
E cantou!
E cantou!
E cantou naná!
Ah-ah-ah-ah-ah-ah
E ao céu se abrir
Os animais puderam sair
De suas casas a sorrir
E até hoje dizem ouvir
O canto de naná
E o conto de naná