Coplas de um tosador
César oliveiraJá sinto o cheiro de cêra
E as comparsas da fronteira
Já andam reculutando
A indiada "flor de tesoura"
Que "grude" de toda folha
E o couro fique "alumiando"
Já desaguachei a moura
Afiei bem as tesouras
"Tô" pronto pra o que vier
Ferro com as "folha benzida"
E os braços pra "ganhá" a vida
Nos cabo deste "talher"
Vou me entrumar na comparsa
Que vai lá pra "paz das garças"
Tosar "miles" de capão
Corriedale "sem escolha"
De "metê" de toda a folha
Acolherando as duas mãos
Sendo pra "lotá" a ficheira
Me tapo de lã e cêra
Pouco me importa o calor
Se resolvo "soltá" o braço
Quase mato no cansaço
Quem se mete a agarrador
Refrão:
É dois pulsos no "martelo"
"Tchaque-tchaque" e atiro o vélo
Por cima do atador!
Ferro e folha e não tem nada
Vai embora a guacha pelada
Berrando pra o tosador
Grudo a marca "santaninha"
Solto "lisa e rosadinha"
Porque o braço não se micha
E n'alguma escapada
Boto cortiça queimada
Garanto que não abicha
Se me topo com as "mirina"
Apelo pra cangibrina
"Arrolhadita" atrás da porta
E no couro "murcilhado"
Sigo de ferro embuchado
Nas "ruga" campeando as "volta"
A pobreza é igual capacho
E só "briqueando" por baixo
Que um pobre cristão se safa
Quando largo da tesoura
Nas patas da minha moura
Prossigo espichando a safra.
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