Retrato de pampa e invernada
César oliveiraSempre que estendo uma tropa
Num corredor aramado
Destes que cortam rincões
A casco, marco as razões
Que povoam o campo aberto
Quando aparto o que é certo
Das mentirosas visões
Na riqueza do meu mundo
De espora, poncho e arreio
Sei o que um pingo de freio
Pode ou não pode fazer
Do amor de um bem querer
Faço munício pra vida
Num mate depois da lida
Nas cismas do entardecer
Da invernada do lagoão
Até o potreiro das casa
Pouco mais de meia quadra
De várzea, trevo e coxilha
Grama buena, de forquilha
Nativa das sesmarias
E um ventito que arrepia
O pêlo da minha tordilha
Dos laços que vertem braças
E abraçam as aspas e mãos
A firmeza no garrão
E a certeza no serviço
E talvez seja por isso
Que a pampa ande estampada
Num retrato de invernada
Na rudez do meu ofício
Num fundão de fim de mundo
Bordado a cova de touro
O trabalho enruga o couro
Na volta braba do dia
O berro da gadaria
Reponta um resto de inverno
No terrunho amor materno
Da vaca lambendo a cria
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