Coplas para um dia de chuva
César oliveiraChuva matida rolando no chão bagual
Veio pra terra feito uma égua chucra
Que não conhece a serventia do buçal
É num dia assim que se remenda arreios
Se trança cordas num ritual sagrado
E se volta para dentro desse mesmo
Na quietude de um galpão enfumaçado
E se volta para dentro desse mesmo
Na quietude de um galpão enfumaçado
A água vai levando as folhas soltas
Por pequenas corredeiras feito um barco
Os quero-queros gritando em contraponto
A canção da saparia lá no charco
A cerração nos olhos encurta a distância
A mão do vento guitarreia estranhos sons
não se vê canhadas nem mesmo esses trevais
que o gado manso vem buscar nos dias bons
Nestas horas se tira tentos das loncas
não hay nenhum movimento de encilha
mangos e esporas dormem em ganchos toscos
dia de folga pra os cavalos da tropilha
Se mateia quieto pra chover pra dentro
pra encher de paz o açude do coração
é um regalo um dia assim de chuva
pra quem tem a alma aquerenciada num galpão
é um regalo um dia assim de chuva
pra quem tem a alma aquerenciada num galpão
A água vai levando as folhas soltas
Por pequenas corredeiras feito um barco
Os quero-queros gritando em contraponto
A canção da saparia lá no charco
A água vai levando as folhas soltas
Por pequenas corredeiras feito um barco
Os quero-queros gritando em contraponto
A canção da saparia lá no charco
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