Deau

Cara metade

Deau
Deau:
Vi-te, cedi-te convite para o meu mundo
Segui-te, convicto, sem pôr em questão por um segundo
Sentimentos estão em jogo e arriscar faz parte do todo
Se o tempo voltar atrás eu volto a fazer de novo
Sem equívoco, acredito que é recíproco o que sinto
Que é unívoco o motivo pelo qual te invoco quando activo
A criação que em combustão me consome como chamas
Deram-te nome, mas para mim não é assim que te chamas
Chamo-te cara-metade, mas é cara a metade que se paga
Quando a obrigação nos abraça e a inocência nos larga
Dizem que amar cega, espero que mantenham a palavra
Eu tenho olhos com vertigens e ao teu lado o céu não acaba
Perante ti há quem se inclina, até mesmo quem se renda
A minha alma é tua inquilina, mês a mês eu pago a renda
Não são gónadas estimuladas por um toque em certas zonas
Nem sentimentos nómadas movidos por hormonas

Uns para galar-te usam calça larga e chapéu
Em palcos canto, corpo e alma à mostra, de cabeça oposta à de um réu
Não vou pagar caro à custa de tanto fala barato,
Vizinho meu escreveu que não há estrelas no céu, à noite fecho-as no quarto
Iluminam-nos, quando estabelecemos contacto
Escrevendo o nosso destino em folhas de formato A4.
Crio-te com requinte sem expor silhuetas
Foste ouvinte quando o mau tempo foi tempo em grãos de ampulhetas
No nosso primeiro encontro tinhas linhas caretas
O tempo passou como metamorfose, deu-te forma de borboletas.
Nunca te pedi nada, promete-me uma coisa única
Que p'ra mim és cara-metade, p'ra eles apenas música...

Refrão:
Podes galá-la, fitá-la, tentá-la sentar ao pé de ti
Cara-metade minha não é metade p'ra ti!
P'ra mim é diva, única, vida, é música
A minha cara-metade


Supremo G:
A escrita é tudo o que me resta
Por isso agarro mais um beat, o meu bloco e uma caneta de alma aberta
Não vim provar que sou melhor do que ninguém
Mas eu não quero ser mais um, apenas tento ser alguém

A escrever sobre o que tem importância
Acredita que eu não quero ser mais um a cultivar a ignorância
E aqui está a minha resposta
Não quero fazer parte dos que dizem por aqui que o que importa é a nota
Músicas com conteúdo por aqui fazem-se raras
Muitos cantam mesmo lixo, o que muda são as caras
Vim quebrar os vidros dessa redoma
O que eu tento é despertar uma multidão de ouvintes em coma
Enquanto eu viver, a liberdade há-de ser o meu hino
E cultivar a identidade enquanto um ser genuíno
P'ra muitos o underground cansa
Manos passaram do R A P a fazer lixo para as pistas de dança!

Refrão:
Podes galá-la, fitá-la, tentá-la sentar ao pé de ti
Cara-metade minha não é metade p'ra ti!
P'ra mim é diva, única, vida, é música
A minha cara-metade

Cara-metade... É tudo o que me resta.

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