Ataduras
Devaneio ÓbvioAbrimos as portas
E vagamos sempre um lugar no sofá
Janelas soprando um vento quente
O aberto se fecha
E traz-se xícaras de chá
Não há mais convites aceitos
Parece nem haver outro jeito
Vivemos agora só de distância
A saudade vem como ferida
No pé que corrói
E quanto mais passos são dados ao longe
Afundam na sola os cacos, fazem buracos e mais e mais e mais…
Dói
Para os conselhos
Abrimos os ouvidos
E deixamos a mensagem tomar um canto
Vozes ardem num sopro torrente
Os olhos espremem-se
E a visão turva quando tudo cai em pranto
Quando tudo cai em pranto
Não há mais sorrisos feitos
Parece nem haver mais respeito
Somos suspensos apenas por lembranças
Em tantas troquei o certo pelo duvidoso
Querendo manter nos armários os sabores de cada gosto
Maldade é o que fazem comigo
Mas eu sei que é castigo
Por nem mesmo saber o que é maltrato
Por nem mesmo saber que isto é um maltrato
Eu adianto as minhas desculpas
Darei apenas respostas curtas
Não tenho ataduras nos pés machucados