Latente
Ensaio de guerraO cego crê que é outra chuva que chegou
Mas há ruído nas ruínas
Que se desfazem de castelos que já foram
O cego crê que é mais um dia
Quando acorda sobre os cacos de seus planos
A fabrica dos sonhos se fechou
E dos porões se erguem seus motores
Os porcos já desabam um céu de vidro
Na multidão de dados esquecidos
Enquanto as latrinas são seus lares
Os novos porcos erguem seus altares
Enquanto as mentiras são as ordens
Os cegos veêm a chuva escorrer de si
Sobre seu chão de pedra
Que abriga o seu resto de ser
Que agora já se esvai
Enquanto dali não brotar a simples duvida:
Será que é mais um erro seu
Ou a falha vende mais
Uma verdade que se inclina
Uma vertigem que vacina
E um exército no chão
E a desordem sem razão
O cego crê que é apenas mais um dia
Pois se depara novamente com a rotina que lhe deram se explicação
A mascara de vidro se quebrou
O dia é negro e a noite é de calor
O fogo vem dos olhos de quem vê
A fabrica ruir em seu poder
Enquanto as promessas se desfazem
Enquanto agonizam as suas verdades
O brado dos feridos vem calado
Por não saber as falhas do sistema
As massas que rebelam-se
Não sabem gritar
O cego vê-se entorpecer por não sonhar
Será que é mais um erro seu
Mais um erro meu lutar