Milonga para um missioneiro (à noel guarany)
Jairo vellosoteatino dos quatro ventos.
Trazia presa nos tentos
a guitarra companheira.
Estradeou pela fronteira
bordoneando com apego,
foi andejo sem sossego,
nestas plagas missioneiras.
Por patrão teve o destino,
em vez de rancho, pulperias,
onde semeou alegrias
noite a dentro, madrugadas,
e nos galpões, com a peonada,
mateou e contou estórias,
restos de amores e glórias
que espalhou pelas estradas.
Payador, cria da pampa,
vagalume em noite escura,
pelo duro, alma pura
a cantar nas madrugadas.
missioneiro Deus te pague,
pelo som desta guitarra
e este canto sem amarras
que semeias nas estradas.
Sua voz era o clamor,
das ruinas em noites claras,
o cantar de mil cigarras
extraviado, pago a fora.
Tinha a estampa de outrora,
de índio que se levanta
como um bagual que se espanta
com o tinido da espora.
Paisano, mesca crioula
de sentimento aragano,
dos Sete Povos, soberano
com manhas de payador,
teu canto conservador
ecoa de sul a norte,
porque nasceste com a sorte
de Missioneiro e cantor.
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