Graças a deus
Leôncio severoChego de a cavalo levantando poeira
Eu sou da fronteira
E tenho a alma inteira neste chamamé
Por um bem querer
Encurto distâncias, não importa as léguas
Que a sorte renega
Quem não mete "os peito" e faz acontecer.
O meu argumento é um verso gaúcho
Que sovei na estrada
Repontando a eguada
Que de potros xucros fiz pingos de lei
Sou de campo fino, de horizontes largos
De amor e saudade
E ando a vontade na pampa do mundo
Em que me acostumei.
Dou graças a Deus e sigo meu rumo... bem assim no más!
Batendo na marca, talareando esporas, refazendo planos
Só quem tem tutano costeia esta vida na força do braço
E quando arma o laço por certo não fica matreiro pra traz.
Se Deus me permite
Vou alçar a perna... já pedi bolada!
Nesta pataquada
Da estampa grongueira, das voltas de peão
O sorriso franco
O jeito singelo de fazer amigos
Pra cada perigo
Um gesto, um abrigo um aperto de mão.
De alma lavada, repasso os costumes
Renovo a esperança
Sou velho e criança, história curtida
De terra e fumaça
O sangue da raça, que ferve nas veias
Sustenta um sulino
Que bebe o destino, nas águas correntes
Do tempo que passa.
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