Casinha pé-de-serra
Marcos fariasVentava pela janela
Cheiro de manjericão
No oitão uma laranjeira
O cantar de uma goteira
Canteiro de açafrão
Um pedaço de cercado
Uns alqueires de roçado
Um açude e um canavial
Um riacho de águas claras
Quando no tempo do estio
Brincava no areal
Mas formiga criou asas
E sonhei sair de casa
Ter o mundo e minhas mãos
Fazer destino atravessado
Me mandar para São Paulo
E deixar o riachão
E um dia peguei estrada
E sai em retirada
A rodar feito pião
De rodar, quase fiquei tonto
E de cantos e desencantos
Marcado ficou meu coração
Hoje estou nesta cidade
Já faz tempo que cheguei
Faz o tempo que fui feliz
De partir plantei saudade
Corri tanto e cheguei tarde
Abracei o mundo e fiquei só
Quanta gente desfigurada
Na poeira das calçadas
Viadutos e favelas
Sem proteção, sem documento
A identidade é o sofrimento
O retrato do país
Aí pego na viola
Pra cantar essas histórias
E tanger desilusões
Minha voz some na mágoa
Minha dor se verte n'água
Nos meus olhos boqueirões
Hoje o peso da idade
Soma o peso da saudade
Pesa mais que um matulão
Hoje sei de cor e salteado
Que este mundo é furado
E que meus passos foram em vão
E que o tempo é um rio
Que corre enchente
Sai arrastando a gente
E não volta mais
Anoitece a vida
Apaga a esperança
E as enchentes idas
Não voltam mais
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