Sete contas de um vaqueiro
Marcos farias
Montado no meu cavalo
De guarda peito e gibão
Me protege dos espinhos
Dos garranchos do sertão
Só não protege o meu peito
Do punhal da solidão
De guarda peito e gibão
Me protege dos espinhos
Dos garranchos do sertão
Só não protege o meu peito
Do punhal da solidão
De seca e cerca é minha vida
De pó e pedra é meu chão
De cruz, espinho, meu caminho
De sal e fel é meu pão
Destino feito riacho
Escorre de minhã mão
Na conta do meu rosário
São sete contas de dor
Sete dias de trabalho
Sete pagas de suor
Sete filhos, sete destinos
Sete promessas de amor
Na soma de tantas contas
A vida inteira gastei
Sem esteio, sem cercado
Vaquejando sonho alheio
Noves fora o resultado
Foi tudo que ajuntei
Hoje resta só lembrança
Dos verdes anos em flor
De paixão que nem fogueira
Caboclo forte e lutador
Nas rédeas do meu cavalo
Fui um rei, era um senhor
E o tempo que rouba tudo
Sem aviso e sem zuar
Levou em bruto silencio
Juventude, meu sonhar
De mim restou que o patrão
Fez questão de não lembrar
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