Tragédia cotidiana
Maurício muniz
Se eu chegar um pouco tarde mulher
Bote as suas mãos pro alto
Um dia amanheço inchado morto atropelado
Com a cara no asfalto
Aperte bem meu corpo mulher
Não pare de me beijar
Essa semente fantasia
Que por dentro cria começa a brotar
Meu homem não fale não grite não chore
Não ponha tudo a perder
Essa despensa miniatura
Nossa dor não cura
Dá pra dois comer
Agora que o carnê se finda homem
Destaque em praça a sua mão
Em cima do mudo criado
O baralho marcado já não tem função
Minha sentença está na mesa mulher
Me sirvo de toda tristeza
Estou por Deus
Enfeitiçado já estou condenado
Vou me embriagar
Esta garrafa aqui guardada homem
Era pra comemorar
A volta do seu filho mau
Que a condicional não pode curar
Meu crime foi saber de tudo mulher
Meu erro foi amar demais
O bom cabrito não berra
Quando a chave emperra usa as laterais
Você que anda se escondendo homem
Gemendo a vida de simplório
Um dia cortam o seu salário
Seu noticiário e seu ambulatório
Agora que acabou o esforço
Me enforco o talho no meu pescoço
Deixo o meu sonho inacabado
E um sorriso forçado pra te agradar
E um bilhete premiado
E um certificado de grupo escolar
Agora que acabou mulher
Não esconda o seu azar
Diga que eu fazia medo
Só com o gosto azedo vinha me beijar
Meu retrato em terno branco mulher
Não o deixe encaixotar
Pendure amarre com barbante
Que é confortante pro parente olhar
Agora que acabou mulher
Tem a indenização
Tem o salário família
A faca que brilha no meu coração
Agora que acabou mulher
Agora não sou mais sangrento
Deixo o meu corpo gelado
O lençol manchado
Sujo de cimento
Bote as suas mãos pro alto
Um dia amanheço inchado morto atropelado
Com a cara no asfalto
Aperte bem meu corpo mulher
Não pare de me beijar
Essa semente fantasia
Que por dentro cria começa a brotar
Meu homem não fale não grite não chore
Não ponha tudo a perder
Essa despensa miniatura
Nossa dor não cura
Dá pra dois comer
Agora que o carnê se finda homem
Destaque em praça a sua mão
Em cima do mudo criado
O baralho marcado já não tem função
Minha sentença está na mesa mulher
Me sirvo de toda tristeza
Estou por Deus
Enfeitiçado já estou condenado
Vou me embriagar
Esta garrafa aqui guardada homem
Era pra comemorar
A volta do seu filho mau
Que a condicional não pode curar
Meu crime foi saber de tudo mulher
Meu erro foi amar demais
O bom cabrito não berra
Quando a chave emperra usa as laterais
Você que anda se escondendo homem
Gemendo a vida de simplório
Um dia cortam o seu salário
Seu noticiário e seu ambulatório
Agora que acabou o esforço
Me enforco o talho no meu pescoço
Deixo o meu sonho inacabado
E um sorriso forçado pra te agradar
E um bilhete premiado
E um certificado de grupo escolar
Agora que acabou mulher
Não esconda o seu azar
Diga que eu fazia medo
Só com o gosto azedo vinha me beijar
Meu retrato em terno branco mulher
Não o deixe encaixotar
Pendure amarre com barbante
Que é confortante pro parente olhar
Agora que acabou mulher
Tem a indenização
Tem o salário família
A faca que brilha no meu coração
Agora que acabou mulher
Agora não sou mais sangrento
Deixo o meu corpo gelado
O lençol manchado
Sujo de cimento
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