Meu verso
Miro saldanhaNa solidão dos caminhos
Trouxe a sina dos sozinhos
De quem já nasceu teatino
E o meu canto peregrino
Meu companheiro de infância
Ia encurtando as distâncias
Pra chegar ao meu destino.
Meu verso fala de apelo,
Como uma mão estendida
Meu verso fala de vida
Por ser contrário à matança
De um povo de alma criança
Que ama a paz, não a guerra
Mas que, ao chamado da Terra,
Morre abraçado na lança
(E já que, mesmo sem guerra,
Não vou ficar pra semente
Quero uma cruz e uma campa
Bem perto da minha gente
Pra ter os pés sobre a Pampa
E olhar o mundo de frente)
Eu trago as lutas de um povo
No bojo de uma guitarra
Pois quem peleia, com garra,
Bem que merece a vitória
Não que eu reivindique glórias
Que o tempo nunca dará
Mas, onde se fez história,
Um gaúcho estava lá!
Eu não renego a Mãe-Pátria,
Mas meu sangue é farroupilha
Que envermelhou as coxilhas
Em nome de um ideal
E se, de um jeito brutal,
Morreu tanta gente guapa,
É porque a história farrapa
Merecia outro final
(E já que, mesmo sem guerra,
Não vou ficar pra semente
Quero uma cruz e uma campa
Bem perto da minha gente
Pra ter os pés sobre a Pampa
E olhar o mundo de frente)