Um canto meu
Miro saldanhaPra sobrar uns trocos do que eu recebi
Terminei a lida, entreguei a doma
Já não tenho nada pra fazer aqui.
Quando a vida cobra, não nos dá recibo
Quem não tem raízes tem mais que partir
Pisoteando a alma com o pé do estribo
E o peito sangrando não querendo ir.
(Quem sepulta os sonhos, paleteando a vida,
Vai abrir feridas para a solidão
Se não se dá conta quando amadurece,
Um dia, envelhece de freio na mão.)
Quem cansou cavalos cuidando do alheio,
Nem mesmo o arreio não sabe se é seu
Acho que chegou a hora da virada
Já cansei de estrada, quero um canto meu!
Tem algo diferente, na manhã de maio
Nem a liberdade não me satisfaz!
Fico disfarçando, ajeitando o baio
E o olhar da moça me tirando a paz.
Como a terra se abre, quando o arado lavra,
Dizem que um olhar nos abre o coração
É quando a luz dos olhos diz mais que a palavra
E o calor da pele, bem mais que a razão.
(Quem sepulta os sonhos, paleteando a vida,
Vai abrir feridas para a solidão
Se não se dá conta quando amadurece,
Um dia, envelhece de freio na mão.)