Doutor do agronegócio
Paulinho mocelinNão ligo que tirem sarro do meu jeitão bem bagual
De camionete, com o vidro aberto e faceiro
Escutando o coração de gaiteiro, na avenida principal.
Me para um carro que vinha ali do meu lado
Eu já tinha reparado pelo espelho lateral
Gente importante notei que ali transitava
Li nas iniciais da placa, doutor fulano de tal
Baixou o vidro achando que eu era tosco
Fazendo aquele alvoroço, musica brega indecente
Onde se viu sujando o asfalto de barro
Coisa de peão relaxado, grosso e pouco inteligente
Mal sabia o cidadão que o meu patrimônio é grande
Estocado no porto seco de cuiabá e campo grande
Na exportação de grãos, domino e não tenho sócio
Sou gaúchão conhecido, doutor do agronegócio
Abrindo a porta mostrei o bico da bota
Levando o olho se nota, suja de bosta de vaca
Ta na guaiaca o poder que me da o direito
Pois não é nenhum defeito ser guasca e andar de bombacha
Além do mais doutor, já faz mais muitos anos
Que charolês, red ângus compõe meu lote de gado
Sobra os trocados que de quatro em quatro anos
Por farra vou financiando campanha de deputado.