Encilhando
Paulinho mocelinDepois com a tesoura em pé, arrematei bem do meu gosto
Engraxei o sobrelátigo, que segura o travessão
Lustrei a alpaca do mango, fiz brilhar ficou um colosso
Como pelo deste picaço, calçado das quatro patas
Salgo do olho direito, malacara e bem franjudo
Coisa mais linda o cuiudo, vale umas trocentas vacas
Passei bem a raspadeira, acomodei o xergão
A carona e o basto ajeitei, pra apertar a barrigueira
No pelego bati a poeira e larguei sobre o travessão
O laço larguei amarrei nos tentos, peitoral prendi na sela
Botei o freio crioulo, a cabeçada e a rédia
Atei no último elo, a corrente da barbela
Agora tiro o chapéu e elevo o meu pensamento
Peço proteção divina e faço um agradecimento
Que o dia seja iluminado, que tudo saia a contento
Abençoe a campereada e me guie a todo momento
Essa é a vida de um campeiro, que rebrota a cada dia
Em cada nascer de sol, trotea sem se dar conta
Em cada pingo que monta, revive uma história antiga
Dos homens que aqui tiveram e defenderam este chão
Com garra e com coragem, de bombacha e de a cavalo
Por mais seco que fosse o pealo, nunca afroxaram o garrão
Nunca afroxaram o garrão, nunca afroxaram o garrão