Num fim de seca
Raúl quiroga
Um aguaceiro galopeado pega o tranco
O gado berra num murmurio de saudade
Se alonga a tarde e corre água pra o açude
Matando a sede das vertentes destes campos
O gado berra num murmurio de saudade
Se alonga a tarde e corre água pra o açude
Matando a sede das vertentes destes campos
Se foi embora a seca braba do verão
Rebrota o pago, volta o verde na invernada
A cavalhada, em disparada, no varzedo,
Espanta medos que habitavam o galpão
A chuva cae e vai correndo pro banhado,
Pingos tosados junto a boca da porteira,
Guri campeiro num grito de recolhida,
Que buena vida numa estância de fronteira.
Potrada e gado batem casco pra o rodeio
E o aguaceiro desce o morro da invernada
Guri taludo debaixo da capa negra
Chamando tropa no lombo de uma gateada.
Se foi embora a seca sem deixar saudade
Final de tarde por reponte de garoa
A chuva trança um gosto de mate lavado
Revive o pago vejam só que coisa boa.
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