Milonga à sombra
Robledo martins
Parceira de todos os dias
Irmã gêmea que o sol me deu
Parte abstrata de mim
Refletida na cor do breu
Irmã gêmea que o sol me deu
Parte abstrata de mim
Refletida na cor do breu
No chão me copia sem face
Na água me imita o semblante
Sol a pino fico pequeno
Sol baixo me torno um gigante
Por vezes é o meu sinuelo
Em outras guarda meus passos
Às vezes caminha ao meu lado
Junto ao pé e longe do braço
Se guitarreio sente inveja
E debochada me provoca
Na sua guitarra sem voz
Arremeda e também toca
No galpão reflete na quincha
No braseiro parece crescer
Se mateio comunga do mate
Se proseio parece entender
Parece que a sombra tem vida
E por a gente sente carinho
Enciumada desaparece
Se noutra sombra me aninho
Por isso canto pras sombras
Talvez nem assombre ao cantar
Mas o meu canto tem sombras
Que parecem me sussurrar
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