Saudade, tempo e lembrança
Robledo martins
Qual um reponte de nuvens, costeando o rumo do vento
Assim tranqueia o destino pelas mãos duras do tempo
A vida é tropa que marcha, ruminando os dissabores
De sonhos que desgarraram nas curvas dos corredores
Assim tranqueia o destino pelas mãos duras do tempo
A vida é tropa que marcha, ruminando os dissabores
De sonhos que desgarraram nas curvas dos corredores
O tempo é estrada comprida sem ter atalho nem volta
É feito cusco lebreiro que aperta, boca e não solta
A vida é estouro de tropa que não sabe aonde vai
Que pensa em ganhar o mundo e além da cerca não sai
Saudade é alma ferida
Que nem o tempo maneia
Se o tempo é o jugo da vida
Lembrança é o tempo que apeia
O tempo, qual um carancho, traz sua sina nas asas
Lembrança, um potro sogueiro, rondando a volta das casas
Na cancha incerta da vida, o tempo ganha de mão
Saudade é vento, rangendo nas frinchas do coração
Nada se leva da vida, saudades ficam com alguém
Mas que o tempo implacável um dia leva também
Deter o tempo é ilusão, é sonho que não se alcança
E assim a vida se faz saudade, tempo e lembrança
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