Entre linhas
Wwl rapÉ os pivete com a cara inchada no corre em cada sinal
Lógica do capital, da miséria tiram lucro
Clima esquenta e o tempo fecha se passa o carro do suco
Beco escuro, eu vejo vulto mas não vejo bicho
Sorry, dear white people, branco muro eu pixo
Corre o risco e deixa o traço, mesmo sem régua e compasso
Território demarcado, respiro e resisto
Seu lugar preferido pra passar as férias
Nativos desolados tratando feridas
O ódio em cada esquina, o sangue nas artérias
Pra ti revelo a face que era escondida
Quando fizer o check-in, lembre de trazer na mala
Paciência e respeito com aquele que lhe para
Te incomoda, pede e fala
Moço me dê um trocado
Pelourinho não é mais aquele
Neto e Rui fudendo o estado
Sustentando o braço armado, pondo fogo na fornalha
Fuck the police, progresso pra quem trabalha
Eu não quero migalha, não quero suas tralhas
Só quero que valha suor e respeito nesse campo de batalha
Se eu tiro o hit, eu faço hit, eu mato o beat
Sou amoroso e dou conselho feito o Hitch
É This Is It, calor na city, cadê teu kit?
Sem protetor, cê vai pegar é ligoviti
É sem enfeite nesse meu taste
Então respeite se tu provar um dia farinha ou azeite
Dente de alho, dente de leite
No assoalho ou no tapete, ao chão se deite
Trago entre linhas o calor da Bahia
A força das ondas em Itapuã todos os dias
Licença pra chegar, aviso: Venho com peso
Favela vive e eu quero meu povo ileso
Oprimidos e aprisionados ultimamente
O sistema tem utilizado pseudo correntes
Prisões socioculturais que surgem cada vez mais
Cansei de ser notícia às 12 horas nos telejornais
Pretos se matando e o Estado dançando
Comemorando, o favela matou seu hermano
Puta desigualdade, irmãos num estado surreal
O contraste é quente, mas também é social
Isso só tem que acabar
É a última chamada pra ordem e progresso começar
Vou afiar a lâmina da alma, acordar e rezar
Senhor, livrai-me dos homens de farda
Me para e me pergunta se tenho passagem
Eu paro e te pergunto: Tá de sacanagem?
E dizem na TV que o problema é como eu me visto
E eu desligo pois ali só tem bobagem
Me chamam de marginal mas me põem à margem
Estereótipo do crime é a minha imagem
Nas ruas sou coagido e no shopping sou seguido
E constrangido pelo segurança da Nagem
E tem vários MC's que parecem que tão com venda
Ou parecem que tão à venda ou parecem
Que não tão vendo o que acontece
Corrupção é arte marcial, paletó vira quimono
E a cada golpe o povo adormece
Dizem que pobre não entende de política
Político que não entende de pobre
Pobre morto ou preso é estatística
Tipo preço do feijão que todo dia sobe
Que cada verso meu seja uma carta de alforria
Cada preta que chora, ouça esse verso e sorria
Preta, ame seu corpo
Preta, ame seu cabelo
Preta, ame sua cor
Morena não, pretinha
Playboys batem panelas e formam panelas
Cuidado pra não se queimarem dentro delas
Made in favela, to be or not to be
De onde eu venho até respirar é resistir
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