Almas mortas

Carta ao senhor

Almas mortas
Senhor, dizem que um dia irei encontrá-lo
Dizem-me que serei julgado
Quem ouvirá a minha defesa?
Quem me defenderá?
E quem o julgará?
Não gosto e me queixo desse seu jeito estúpido de me amar
Vou querer saber das vidas que perdi
E o porquê de querê-las para si
Ó senhor, se me ama tanto
Por que me reserva tanta dor e pranto?
Vivo pedindo a morte prematura
Não tendo coragem de antecipar a partida
Eu sigo
Ó senhor onipotente, onipresente, onisciente
Não sei mais a quem confiar minhas orações
Talvez haja outros deuses a quem agradecer, a quem pedir
Senhor
Eu seria mais feliz se você não houvesse me amado
Se nunca houvesse lembrado que eu vivo
Eu sei
Aqui no fundo da minha alma viva, mas morta
Eu serei feliz um dia quando adormecermos
Senhor
Você fere minha carne, sua alma
Expressão maior do seu amor
E muitos te amam por isso
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