A faca do meu avô
Antonio fontouraDois palmos de folha cortante e o cabo talhado em ouro
Com um balaço de estouro além da marca os sinais
“A F” nas iniciais, bainha de prata e couro
Cortava um cabelo no ar somente com uma chairada
A templa desta prateada não simbrava bem assim
Brandava como um clarim quando o aço retinia
A herança que eu queria que ele deixasse pra mim
Se eu tivesse essa prateada pra aparar os desenganos
Que ao longo de tantos anos vêm cruzando minha sina
Chairava a sorte brasina que se mandou campo a fora
Chamava o pingo na espora pra um pealo de relancina
Se eu tivesse essa prateada pra aparar os desenganos
Que ao longo de tantos anos vem cruzando minha sina
Chairava a sorte brasina que se mudou deste rancho
E degolava um carancho que quis levar minha china
Com ela na minha cintura meio puchada pra frente
Nos palcos para esta gente com a gaita companheira
Queria cantar chacarera bem crioula neste toque
E demonstrar sem retoques a minha herança campeira
Sem integrar a partilha, excluída do testamento
Nem para desquinar um tento talvez até desdentada
Pelos cantos anda atirada como um traste sem valia
Me dói ver a judiaria que fizeram com essa prateada
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