António vasco moraes

Fado lisboeta

António vasco moraes
Não queiram mal a quem canta
Quando uma garganta se enche e desgarra
Que a mágoa já não é tanta
Se a confessar à guitarra

Quem canta sempre se ausenta
Da hora cinzenta da sua amargura
Não sente a cruz tão pesada
Na longa estrada da desventura

Eu só entendo o fado
Plangente, amargado
À noite a soluçar baixinho
Que chega ao coração num tom magoado
Tão frio como as neves do caminho
Que chore uma saudade
Ou cante uma ansiedade
De quem tem por amor, chorado
Dirão que isto é fatal, é natural
Mas é lisboeta.. Isto é que é o fado

Oiço guitarras vibrando
E vozes cantando na rua sombria
As luzes vão-se apagando
A anunciar que é já dia

Fecho em silêncio a janela
Já se ouvem na viela rumores de ternura
Surge a manhã fresca e calma
Só em minha alma é noite escura

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