Maria sem terra
Janaína maia
Sem rumo, andejo,
Me fiz peregrina
Mantenho a esperança
Que todas carregam
Por ter em meu corpo
O cheiro de terra
Sou parte da casta
Das que não se entregam
Me fiz peregrina
Mantenho a esperança
Que todas carregam
Por ter em meu corpo
O cheiro de terra
Sou parte da casta
Das que não se entregam
O pai de meus filhos,
Parceiro constante
Que um dia, distante
Da vida ficou
Talvez ainda hoje
Comigo estivesse
Eu sei, não seria
Aquilo que sou
(Mas mesmo acampada
Vislumbro horizontes
Jamais meus direitos
Irei renunciar
Que impere a justiça
Pelos gabinetes
Pra um naco de terra
De herança eu deixar)
Não quero que vejam
Meu suor derramado
Em terras não-minhas
Abrindo trincheiras
Tampouco meus filhos
Servindo de escudo
Em lutas insanas
Por outras bandeiras
A anca do tempo
Provou meu vício
Pra línguas ferinas
Sou sobra de guerra
Mas eu sou apenas
Qual tantas Marias,
Mulheres sofridas,
Maria sem terra
(Mas mesmo acampada
Vislumbro horizontes
Jamais meus direitos
Irei renunciar
Que impere a justiça
Pelos gabinetes
Pra um naco de terra
De herança eu deixar)
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