Bogaris
Laécio beethovenLaécio Beethoven
Um presente perfuma a terra:
Bogaris, no calor da viola.
Na sombra que meu campo erra,
nas vozes do vento que pastora.
Renova a folha do sonho
e o perfume tardio das flores.
Cacimbas se acumulam
no fundo dos potes-senhores.
E eu, que faço? Minha viola quebrou o braço.
Vai o mundo girando, girando...
Bogaris e giestas cheirando.
Bogaris...
No remendo do pano que se arruma,
as núpcias das águas, a nudez,
a infância das horas, as invernias,
a essência das manhãs e a escassez.
A flor grávida de poeira na tela...
Velhos carros-de-boi cantando...
O lírio no espinhaço do medo,
bogaris e giestas cheirando...
Que faço? Minha viola quebrou o braço.
Vai o mundo girando, girando...
Bogaris e giestas cheirando.
Bogaris...
Como marcas pelo tempo deixadas,
meninos rabiscam com riso grafite,
a fotografia das sombras grudadas
às barbas de Deus, devolvendo o convite.
Transposição fabricando fantasmas,
pôr vias cavadas que eu nunca passei
Eu quero, mas temo ser nelas sugada.
Sou água, sou vida, sou rio, sou rei.
Bogaris...
E eu?...