Sequência de sonetos 2 (poesia)
Laécio beethovenSoneto Controverso
Quero um soneto meio controverso
E me arremeto nele às escuras
Vou recorrendo às Santas Escrituras
Para botar tempero no meu Verso.
Meu consciente está meio disperso
Sem nada pra dizer nessas alturas
Tenho que achar de vez as tessituras
Porque na oitava linha estou imerso.
No nono verso vem a frustração,
Nem dei início à contradição
E uma palavra já me alerta - ufa !
Procuro assunto pra mais um terceto
Em minha mente vejo tudo preto
Findo o soneto sem dizer bulhufa!
Tempos Modernos
Que quatro vezes quatro é dezesseis
Aprendi numa antiga Tabuada.
Nela eu vi que os noves fora nada
Faz a prova de dez mais vinte e seis.
Pra saber a leitura em português
Foi a velha Cartilha adequada.
Era por toda parte adotada,
Desde os tempos que ainda havia reis.
Nesta era em que avançam a ciência
E a tecnologia é de ponta
Uma contradição ficou global.
Se este tempo é da eficiência
Muita gente só sabe fazer conta
Numa calculadora digital !!!
É Preciso Olhar a Alma
Se de perto ninguém fica normal
Como disse o compositor baiano
Como devo encarar o ser humano
Se de longe também enxergo mal?
Pra se ver o vivente ao natural
Sem disfarce do seu cotidiano
Eu pergunto ao polêmico Caetano
A distância é o ponto crucial?
Depois de observar estranho e amigo
Em todo aquele que privou comigo
Cheguei à conclusão com muita calma:
Para ver, da pessoa, a exata imagem,
Que se esconde por trás da maquiagem
Talvez seja preciso olhar a alma!
Ibotirama
Mudando a rota rumo ao oceano
Opara encurva e pare Ibotirama.
Fez nessa curva um lindo panorama,
Na "Rica Flor" plantou calor humano.
Ele se verga e desce soberano
Aconchegando a Terra franciscana
"Capital Céu", amor de Zé Bacana,
A jóia rara do sertão baiano.
Ao se curvar no solo da Bahia
Esse ambiente encharca de alegria
No vaivém cintilante da mareta.
O "Vapor Encantado" que se via
Virou lenda inda dizem que vigia
Ibotirama lá da Pedra Preta.