Travessuras da cor da flor
Laécio beethovenA cor da flor, no tom do solo,
É primavera. Quando luz,
Novas cantigas de ninar.
Chega a manhã e do seu colo
Nascem crisântemos azuis,
Cravos, orquídeas, saburás...
Filhos de sonhos, os ventos, sós,
São calhas. Regam em nós flores de jardins.
Beijam o mundo tal beija-flor.
Juntam abelhas e mel, pragas e jasmins.
Foi o sol o que pintou a cor da flor!
Os "calumbis", ao ranger galhos,
Os gravatás de frutos falhos,
Juntos, compondo uma canção.
Hino de dor nas curtas garras.
Sob a harmonia das cigarras,
A sinfonia do sertão.
Filhos de sonhos, os ventos, sós...
Foi amor o que pintou a cor da flor!
Vinda do céu, a esperança
Traz a nobreza da criança.
Come distância, vai a pé.
O carrossel da semelhança
Suga nos seios da lembrança.
Deita nos braços da mãe fé.
Foi a dor o quem pintou a cor da flor!
Ferida de coice e lembrança do espinho.
O passadiço engolindo dinheiro.
A fome, alada, retorna ao ninho...
Calcâneos traídos por dó costumeiro!
No claro escasso, sutis lamparinas.
O cheiro de gente, de reza, perfume.
Novena "ronceira", de véu, de batina.
Lamenta o moído penar "de-costume".
Foi você o que pintou a cor da flor!