Estradas das vacas secas
Luiz galvão
Viajando no lombo/ do meu burro velho/
Espiando o pó vermelho/ da terra cansada e seca/
Descanso há sombra /de uma ingazeira velha/
É só carcaças do gado/ do compadre Raimundo/
Há quanta tristeza /em ver os bichos morrendo/
Vem caminhando léguas/ a procura de um gole dágua/
Minha alma só falta saltar dos peito /pulos caminho/
E o desejo de abraçar /cada uma dessas reis morta/
Gado que alimentava/ todos dessas bandas de cá/
As vacas paria outros bezerros /que pastava no quintal/
Até a família de seu Osmundo / homem rico do lugar/
Passava dificuldade/ e já não tinha o que comer/
As criancinhas dava o leite /e as tripas fritas com um pouco
De farinha numa cuia./..ha que maravilha /o esterco agente
adubava a terra /que dava as hortaliças e as frutas/
e era servida nas refeição/ e até o chifre queimado /
Espantava as muriçoca da beira da casa/ e era um sossego/
Lá vou eu com meu burro velho/ matutando pela terra
Lascada e seca/ e sem uma gota dágua no rio remanso/
Vou descendo pelo vale da solidão/ olhando o céu que
Nunca acinzenta/ e só carcaça eu contei mais de duzentas/
E afora as que vi no vilarejo do queimado /perto do lagedo/
Vou eu e meu burro velho / e minha viola companheira/
E pra disfarçar/ vou entoando uma moda triste /cantando e
caminhando /e contando cada légua do caminho/
Só carcaças de vacas secas/ na estrada da morte certa/
Mas com fé no pai de céu vou /eu e o meu burro velho/
E minha família/ e na certeza /de que mais dia menos dia/
A chuva vai cair por aqui/ nesse canto de seca /fome e tanto
Esquecimento e solidão/
Espiando o pó vermelho/ da terra cansada e seca/
Descanso há sombra /de uma ingazeira velha/
É só carcaças do gado/ do compadre Raimundo/
Há quanta tristeza /em ver os bichos morrendo/
Vem caminhando léguas/ a procura de um gole dágua/
Minha alma só falta saltar dos peito /pulos caminho/
E o desejo de abraçar /cada uma dessas reis morta/
Gado que alimentava/ todos dessas bandas de cá/
As vacas paria outros bezerros /que pastava no quintal/
Até a família de seu Osmundo / homem rico do lugar/
Passava dificuldade/ e já não tinha o que comer/
As criancinhas dava o leite /e as tripas fritas com um pouco
De farinha numa cuia./..ha que maravilha /o esterco agente
adubava a terra /que dava as hortaliças e as frutas/
e era servida nas refeição/ e até o chifre queimado /
Espantava as muriçoca da beira da casa/ e era um sossego/
Lá vou eu com meu burro velho/ matutando pela terra
Lascada e seca/ e sem uma gota dágua no rio remanso/
Vou descendo pelo vale da solidão/ olhando o céu que
Nunca acinzenta/ e só carcaça eu contei mais de duzentas/
E afora as que vi no vilarejo do queimado /perto do lagedo/
Vou eu e meu burro velho / e minha viola companheira/
E pra disfarçar/ vou entoando uma moda triste /cantando e
caminhando /e contando cada légua do caminho/
Só carcaças de vacas secas/ na estrada da morte certa/
Mas com fé no pai de céu vou /eu e o meu burro velho/
E minha família/ e na certeza /de que mais dia menos dia/
A chuva vai cair por aqui/ nesse canto de seca /fome e tanto
Esquecimento e solidão/
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