Choro e risada no enterro
Poeta j sousaDe um velhinho do roçado
Que numa cerca elétrica
Morreu eletrocutado
Durante o funeral
Notei que o pessoal
Chorava e dava gemido
Porque aquele velhinho
Era muito queridinho
Por cada amigo querido.
E entre aquele povo
Que caminhavam chorando
A viúva do velhinho
Ia também lamentando
Sentindo triste emoção
Segurava no caixão
E bem alto assim dizia:
"Meu velhinho vai embora
E eu vou ficar agora
Sozinha sem companhia!"
Confesso que eu também
Derramei lagrimas no chão
Vendo a pobre viúva
Lamentando a solidão
Não tinha nenhum filhinho
E agora seu velhinho
Acabara de morrer
E ela sem alegria
Chorava muito e dizia:
"Como é que eu vou viver?"
Ao chegar no cemitério
O coveiro sacudiu
O caixão dentro da cova
E todo mundo ali viu
Só que antes de o coveiro
Com uma pá bem ligeiro
De terra o velho cobrir
Uma cena aconteceu
Que eu confesso amigo meu
Deu vontade de sorrir.
Bem na beirada da cova
A viúva espiou
Pro caixão dentro da cova
E dessa forma falou:
"Meu velhinho tu vai embora
E eu vou ficar agora
Sozinha sem ter ninguém
E eu vou sentir muta dor
Oh meu velho, por favor
Leva eu mais tu também!"
E enquanto isso dizia
A velha escorregou
E caiu dentro da cova
E lá em baixo gritou
Num tremendo desespero:
"Meu grande pai verdadeiro
Me ajude pai eterno
Chega aqui meu pessoal
Eu estou passando mal
Me tirem desse inferno!"
O povo acudiu a velha
Arrancando-a do buraco
Teve cabra que riu tanto
Que depois se sentiu fraco
E quando a velha saiu
Do buraco se sumiu
Que quase perde o caminho
E enquanto ela corria
Gritava muito e dizia:
- Quem morreu que vá sozinho!
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